quarta-feira, 9 de junho de 2010


As Tartarugas Ninjas e o

Renascimento.


Todos nesse mundo já ouviram sobre a relação entre as Tartarugas Ninjas e o movimento renascentista do século XV, os nomes, Leonardo, Rafael, Michelangelo e Donatelo. Mas já que se faz essa comparação, porque não ir além? Sim, caros leitores, há muito mais que relaciona os dois! Vamos lá

Vamos começar as origens. As Tartarugas Ninjas vivem onde? Exato, no esgoto e o mestre Splinter é o que? Isso mesmo, um rato. As Tartarugas sujiram do esgoto, no meio de muitas doenças, ratos e doenças transmitidas por ratos. De igual maneira o renascimento começou praticamente após o desastre da peste negra na Europa. o.O

Lembram do Destruidor? Se repararmos bem, a armadura dele parece uma mistura de roupa de ninja com uma armadura MEDIEVAL. As Tartarugas lutam contra o medieval e o renascimento estava criando pensamentos, cultura e arte se opondo às tradições da Idade Média.

As Tartarugas tinham uma amiga chamada April O' Neal que era jornalista, isso nos lembra o jornal que por sua parte nos lembra da prensa que é a maior invenção da época do renascimento.

E por último, depois de uma noite de muita luta contra o mal, o que eles iam fazer? Comer pizza! E de onde a pizza veio? Da Itália, o principal país participante do movimento renascentista.Com um pouco de criatividade (e forçando um pouco a barra) poderiamos também relacionar cada umas das Tartarugas com o artista correspondente, ai fica por sua conta....

BÔNUS: Como as Tartarugas Ninjas foram criadas.

"Tudo começou numa noite de 1984, quando os quadrinhistas Kevin Eastman e Peter Laird amargavam o insucesso de seus personagens bebendo cerveja em frente à TV. Entediados, começaram a brincar de duelo de esboços, e, em certo momento, Eastman desenhou uma tartaruga de máscara parecida com Rambo, empunhando uma espada. Laird achou graça e fez uma versão modificada. Então eles pensaram: "Por que só uma e não quatro?" Eastman desenhou quatro tartarugas, cada uma com uma arma diferente e disse: "Vamos chamá-las de Teenage Mutant Ninja Turtles (Tartarugas Ninja Mutantes Adolescentes)". Para completar a gozação, cada personagem foi batizado com um nome de um pintor italiano renascentista, Leonardo, o líder; Raphael, o rebelde; Donatello, o guerreiro e inventor e Michelângelo, o farrista. Mais tarde, sóbrios, os autores viram que aquilo era tão ridículo que poderia fazer sucesso. E como fez, as "Tartarugas Ninja", uma sátira às revistas como "Ronin"e "Lobo Solitário", aos súper-heróis com poderes mutantes e aos filmes de artes marciais se tornou rapidamente o título independente de maior vendagem."

Fontehttp://vivalarelatividad.blogspot.com/2008/04/as-tartarugas-ninjas-e-o-renascimento.html

sábado, 1 de maio de 2010

O PURGATÓRIO E A PRÁTICA DE INUDULGÊNCIAS NO IMAGINÁRIO MEDIEVAL

Na Idade Média notamos o desenvolvimento de uma série de fatos e experiências históricas que fizeram da Igreja uma das mais poderosas instituições daquela época. A difusão dos preceitos cristãos pela Europa e em outras partes do mundo fez com que os dirigentes desta denominação religiosa interferissem profundamente nos hábitos, concepções e modos de agir de um grande número de pessoas daquela época.

Apesar da visibilidade de todo esse processo, não podemos chegar à simplista conclusão de que os clérigos conseguiam fazer com que as pessoas fizessem aquilo que eles bem entendessem. A Igreja influiu na
sociedade de sua época, mas também houve situações em que essa poderosa religião também teve de dialogar com as situações e impasses gerados pelos seus próprios seguidores. Para compreendermos tal ponto, podemos tomar a questão da vida após a morte como um interessante exemplo.

Até o século XII, o cristão estava destinado às glórias e o conforto dos céus ou ao tormento eterno mantido nas profundezas do inferno. A proposição de destinos tão diferentes, fez com que vários fiéis buscassem uma vida predominantemente voltada para a garantia de salvação. Mas como bem sabemos, desde aquele tempo, os pecados atingiam a muitos cristãos e, por isso, pairava uma enorme dúvida sobre qual seria o destino de alguém que não foi nem completamente bom ou ruim.

Nesse período, é interessante frisarmos que a ordenação social legitimada pela Igreja passava a escapar do seu controle. O mundo medieval antes dividido entre clero, nobreza e servos passava a ganhar a entrada de pessoas que não se ajustavam completamente a esse modelo harmônico dos clérigos medievais. Passando a viver no efervescente ambiente urbano, muitos fiéis e clérigos não tinham meios seguros para dizer se alguém levou ou não uma vida louvável aos
olhos de Deus.

De fato essa discussão era bastante antiga e já tinha presença nos escritos de Santo Agostinho, no século IV. Segundo esse teólogo medieval, o indivíduo que teve uma vida mais inclinada ao pecado seria destinado ao Inferno, mas poderia sair dessa condição através das orações feitas pelos vivos em sua memória. Já aqueles que não foram inteiramente bons passariam por um estágio de purificação que poderia trazê-lo para os céus.

Até então, o purgatório era compreendido como um processo de salvação espiritual que fugia do que era normalmente convencionado pela Igreja. Segundo a pesquisa de alguns historiadores, a ideia de que o purgatório fosse um “lugar à parte” somente tomou forma entre os séculos XII e XIII. Contudo, engana-se quem acredita que esse terceiro destino no post mortem seja uma proposta originalmente concebida pela cristandade ocidental.

Os próprios judeus acreditavam que aqueles que não eram nem bons ou maus seriam levados a um lugar onde a pessoa sofreria castigos temporários até que estivessem aptos para viverem no éden. Entre os indianos, os “intermediários” poderiam viver uma série de reencarnações que os levariam até os céus ou ao inferno. Sem dúvida, podemos ver como a própria condição do homem e sua experiência histórica influíram na visão de mundo de várias crenças.


VENDA DE INDULGÊNCIAS

Acreditava-se que Cristo em pessoa, a Virgem Maria e muitos santos tivessem ganhado, durante sua vida, um “superávit” de mérito que poderia ser distribuído entre os infiéis ou fiéis menos praticantes. Para se diminuir a culpa e a pena desses pecadores, a Santa Igreja Católica Apostólica Romana, durante fins da Idade Média Européia, passa a fazer “negócios” com essa “graça”, em troca claro, de parte do patrimônio dos desafortunados.

Durante o Pontificado do Papa Leão X (1513 – 1521), essa prática atingiu o seu auge.

Seque aqui, uma lista, isso mesmo, uma lista com alguns dos perdões previstos e seus respectivos valores ou pagamentos.

1. O eclesiástico que incorrer em pecado carnal, seja com freiras, primas, sobrinhas, afilhadas ou, enfim, com outra mulher qualquer, será absolvido mediante o pagamento de 67 libras e 12 soldos.

2. Se o Eclesiástico, além do pecado de fornicação, pedir para ser absolvido do pecado contra a natureza ou bestialidade, deverá pagar 219 libras e 15 soldos. Mas tiver cometido pecado contra a natureza com crianças ou animais, e não com uma mulher, pagará apenas 131 libras e 15 soldos.

3. O Sacerdote que deflorar uma virgem pagará 2 libras e 8 soldos.

4. A Religiosa que quiser ser abadessa após ter se entregado a um ou mais homens simultaneamente ou sucessivamente, dentro ou fora do convento, pagará 131 libras e 15 soldos.

5. Os sacerdotes que quiserem viver em concubinato com seus parentes pagarão 76 libras e 1 soldo.

6. Para cada pecado de luxúria cometido por um leigo, a absolvição custará 27 libras e 1 soldo.

7. A mulher adúltera que pedir a absolvição para se ver livre de qualquer processo e ser dispensada para continuar com a relação ilícita pagará ao Papa 87 libras e e 3 soldos. Em um caso análogo, o marido pagará o mesmo montante; se tiverem cometido incesto com o próprio filho, acrescentar-se-ão 6 libras pela consciência.

8. A absolvição e a certeza de não ser perseguido por crime de roubo, furto ou incêndio custarão ao culpado 131 libras e 7 soldos.

9. A absolvição de homicídio simples cometido contra a pessoa de um leigo custará 15 libras, 4 soldos e 3 denários.

10. Se o assassino tiver matado dois ou mais homens em um único dia, pagará como se tivesse assassinado um só.

O BEM E O MAL NO IMAGINÁRIO MEDIEVAL

Um dos capítulos do meu TCC
Por Carla Ninos

A Idade Média foi uma época de paixões violentas. O sentimento religioso, levado ao auge, deságua muitas vezes no misticismo, na superstição, no fetichismo, na magia, na bruxaria. Falta ao homem medieval o sentido do equilíbrio, da medida, do comedimento. Não existe meio-termo: o homem ou é um anjo ou é um demônio. Não é sem motivo que o Maniqueísmo, doutrina do filósofo persa Mani ou Manes do século III d.C., embora condenado pela Igreja, teve tanto sucesso nessa época. Os dois princípios primordiais do Universo, Deus, personificação do Bem absoluto, e o Diabo, personificação do Mal absoluto, antagônicos e irredutíveis, tornam-se os arquétipos do comportamento humano. Como os mitos gregos de Apolo e de Dionísio ou os personagens bíblicos de Abel e Caim, o bem e o mal são abstrações dos dois elementos estruturais da personalidade humana que Freud descreveu como o super-ego (formado pela consciência moral, que é o conjunto de injunções éticas e religiosas que a sociedade aos poucos vai introjetando na nossa psique) e o id (as forças instintivas do inconsciente, onde se encontram localizados nossos desejos inconfessáveis). Na época medieval, esses dois elementos, identificados no corpo (princípio do mal) e na alma (princípio do bem), não encontram nenhum ponto de equilíbrio, permanecendo em luta constante.
Para exemplificar, talvez o texto que melhor expresse a ideologia medieval seja o episódio da “Tentação de Galaaz” da novela de cavalaria “A Demanda do Santo Graal”. O herói, durante uma de suas andanças, chega a um castelo onde recebe hospedagem. A filha do dono do castelo, uma formosa donzela de 15 anos, apaixona-se perdidamente pelo cavaleiro e à primeira vista, sem que Galaaz sequer suspeite de ser o objeto do desejo da mocinha. De noite, de camisola, ela penetra no quarto do jovem e se deita na cama junto dele. Mas Galaaz, que tinha feito voto de castidade, não cede ao apelo erótico da moça e esta, sentindo-se rejeitada, se suicida transpassando seu corpo com a espada de Galaaz.
Do ponto de vista ideológico a narrativa apresenta o choque entre os dois códigos fundamentais do ser humano: natureza versus cultura. Galaaz é a alegorização do código cultural da Idade Média: a consagração de sua alma e de seu corpo a Deus; a preferência da castidade à satisfação amorosa; a observância da norma da distinção entre as classes sociais que não permite a união de uma jovem nobre e rica com um cavaleiro andante sem família e sem bens econômicos; a proibição do relacionamento sexual fora do casamento; o respeito à vontade do pai da moça, o todo-poderoso e autoritário dono do castelo; a gratidão pela hospedagem recebida; enfim, a honra, a honestidade, a virgindade, o martírio do corpo, que são os principais valores do homem medieval, em vista de atingir o fim essencial da salvação da alma.
A personagem da donzela, pelo contrário, representa o código oposto: a força do instinto da natureza, que se revolta contra todos os valores ideológicos, em nome da satisfação de seus desejos carnais. O impulso erótico dessa moça de apenas quinze anos e educada no ambiente fechado do castelo é tão violento que a leva a quebrar todas as barreiras sociais, morais e religiosas. E, quando percebe que seus esforços para obrigar Galaaz a fazer dela uma mulher sexualmente satisfeita são inúteis, ela encontra na morte violenta a solução de sua angústia social e um castigo por ter se entregado aos instintos do corpo.
O que impressiona na vida medieval é a irredutibilidade desses dois princípios, que leva a prática da doutrina maniqueísta do dualismo cósmico. A personagem de ficção (que geralmente é um ser homólogo do ser real) da Idade Média ou é um ser angélico ou é um ser diabólico e, portanto, raras vezes se apresenta como um ser humano, no sentido mais profundo do termo. Porque ser humano é sentir-se feito de carne e de espírito, ter vícios e virtudes, acusar momentos de fraqueza e momentos de heroísmo, enfim, nunca ser totalmente anjo ou totalmente demônio, visto que na psicologia humana o id e o superego sofrem vitórias e derrotas alternadas devido ao dinamismo psíquico, pois ambos impulsionam o ego (“eu”, é o nível consciente, resultante da força disciplinadora e educadora do super-ego sobre o id) a estar continuamente em luta, pressionado pelas forças opostas do instinto e das convenções sociais.
Dentro da filosofia clássica, Sócrates e, principalmente, Platão, desenvolveram a teoria sobre a existência de um mundo ideal, onde residiriam as essências do Divino, do Verdadeiro, do Belo, do Bem, separadas das aparências do mundo sensível, em que as sensações humanas como os instintos sexuais e os medos que interferem nas escolhas cotidianas, são vistos como Diabólico, Falso, Feio, Mal. Esse dualismo foi plasticamente alegorizado pelos gregos através dos mitos de Apolo e Dionísio, em que o primeiro é o deus da luz, da ordem, do social; o segundo é o deus das trevas, da embriaguez, do instinto individual. O princípio apolíneo e o princípio dionisíaco se alternariam, portanto, ao longo da cultura ocidental, cada época marcando o triunfo de um princípio sobre o outro.
Mas, afinal, o que seria esta teoria sobre o mundo perfeito das idéias? Bem, primeiramente, o dicionário define idéia como sendo a representação mental de coisa concreta ou abstrata; imaginação; opinião, conceito; mente, pensamento; lembrança. A formulação da noção de idéia, como essência existente em si, independente das coisas e do intelecto humano, representa a adoção, por Platão, de um método de pesquisa de índole matemática. O pensamento de Platão irá se construindo como um jogo de hipóteses interligadas.
Com Platão as idéias são como causas intemporais para os objetos sensíveis. O que é bom, mais ou menos bom, é bom porque existe um bom pleno, o Bom que, intemporalmente, explica todos os casos e graus particulares de bondade, como a condição sustenta a inteligibilidade do condicionado.
Perfeitas e imutáveis, as idéias constituiriam os modelos ou paradigmas dos quais as coisas materiais seriam apenas cópias imperfeitas e transitórias. Seriam, pois, tipos ideais a transcender o plano mutável dos objetos físicos.
Na sua obra intitulada Mênon, Platão expõe a doutrina de que o intelecto pode apropriar-se das idéias porque também ele é como as idéias, incorpóreo/imaterial. A alma humana, antes do nascimento, teria contemplado as idéias enquanto seguia o cortejo dos deuses. Encarnada, perde a possibilidade de contato direto com os arquétipos incorpóreos, mas diante de seus objetos sensíveis pode ir gradativamente recuperando o conhecimento das idéias; conhecer seria então lembrar, reconhecer; o que sustenta a hipótese do mundo das formas – imortal. Essa imortalidade converte-se na construção do platonismo, numa condição para a ciência, para a explicação inteligível do mundo físico. Como exemplo dessa imortalidade da idéia há Grandes homens como o pintor Leonardo da Vinci (um arquétipo do Bom da nossa história) ou o ditador Adolf Rittler (um arquétipo do Mau) cujos corpos, a carne, o material do mundo físico, morreram, acabou; mas a idéia de homens que foram é imortal.
Os exemplos de idéias apresentadas em outra obra de Platão intitulada Fédon são extraídos ou da esfera dos valores estéticos e morais (o Belo, o Bem), ou das relações matemáticas (o Grande). De fato, é desses dois pontos que o platonismo vai colher, preferencialmente, os pontos de apoio para propor um mundo de modelos transcendentes. O que é compreensível, uma vez que a variação de mais ou menos (mais belo, menos belo; maior, menor) parece sugerir a referência a um padrão absoluto, a uma “justa medida” (o Belo, o Grande).
Já a doutrina platônica da imitação (mímesis) difere da que os pitagóricos propunham desde o século VI a.C. A mímesis, no pitagorismo, apresentava um caráter de imanência, uma vez que o modelo e a cópia estão contidos ambos no campo concreto e inseparável dele; são as duas faces – interna (apreendida racionalmente) e externa (apreendida pelos sentidos) – da mesma realidade. Com Platão a noção de imitação adquire acepção metafísica e transcendente, como lógica decorrência do “distanciamento” entre o plano sensível e o inteligível. O objetos físicos aparecem como cópias imperfeitas dos arquétipos ideais, incorpóreos e perenes (que não acaba, eterno, contínuo). O mundo sensível seria uma imitação do mundo inteligível, pois todo universo seria resultante da ação do divino artesão que teria dado forma, pelo menos até certo ponto, a uma matéria-prima, tomando por modelo as idéias eternas.
Na alegoria da caverna Platão dramatiza a ascese/plenitude do conhecimento ao descrever um prisioneiro que contempla, no fundo de uma caverna, os reflexos de simulacros que – sem que ele possa ver – são transportados à frente de um fogo artificial. Como sempre viu essas projeções de artefatos, toma-os por realidade e permanece iludido. A situação desmonta-se e inverte-se desde que o prisioneiro se liberta: reconhece o engano em que permanecera, descobre a encenação que até então o enganara e, depois de galgar a rampa que conduz à saída da caverna, pode lá fora contemplar a verdadeira realidade. Aos poucos, ele, que fora habituado à sombra, vai podendo olhar o mundo real: primeiro através de reflexos – como o do céu estrelado refletindo na superfície das águas tranqüilas –, até finalmente ter condições de olhar diretamente o Sol (alegoria do Bem, representa o Claro, o Limpo, o Dia, o que é Saudável, etc.), fonte de toda luz e de toda realidade.
A construção do conhecimento constitui, assim, no platonismo, uma conjugação de intelecto e emoção, de razão e vontade; a epísteme (teoria do conhecimento e metodologia) é fruto de inteligência e de amor.
Com o advento do Cristianismo, a doutrina cristã resgata o idealismo platônico na medida em que considera o mundo terreno como provisório e aparente, como mera passagem durante a qual o homem tem que adquirir méritos para ascender ao céu, o mundo supra-sensível dos valores eternos; quer dizer, criou a dicotomia céu/inferno, sendo que a vida terrena serviria apenas para que o homem, condicionado por infinitos códigos morais, passasse por provações segundo a vontade de Deus para que assim conquistasse o perdão pelos pecados do corpo (princípio do Mal) e um lugar para a sua alma (princípio do Bem) no paraíso. A sublimação do sofrimento leva a uma inversão dos valores éticos reais: os fracos são considerados fortes; os humildes, gloriosos; os pobres, espiritualmente ricos; os derrotados, vitoriosos.
Esse dualismo cósmico cristão e a filosofia de Platão são fortemente criticados por Friedrich Nietzsche em Para Além do Bem e do Mal, ao afirmar que “o cristianismo é um platonismo para o povo” e que a dominação cristã é mais do que cristã, é platônica, pois Platão criou o outro mundo, o das idéias, contra este mundo e o cristianismo elaborou o “Reino dos Céus” como o outro mundo.
Nietzsche afasta toda idéia de transcendência e de ‘outro mundo’, pois acredita que não há vida eterna no além, porque o que importa é a vida como impulso, com todas as agruras e maravilhas, porque viver é enfrentar e superar as dificuldades, agir de acordo com os códigos morais da sociedade em consonância com as forças instintivas do seu inconsciente, e não se subjugar a regras de conduta que ferem o homem na sua essência, que o obriga a reprimir os instintos naturais e primitivos, que julga e condena em nome de uma imortalidade abençoada. Viver é querer ir sempre além, num vir a ser eterno, portanto sem pensar em preservar-se; é superar-se constantemente. Assim, Mau seria tudo o que é fraco e não consegue ser um afirmador da vida e o Bom é o nobre (generoso, de “ação nobre”) que ama a vida sem nada temer; e essa independência é para poucos – é prerrogativa dos fortes.

HÁBITOS DE HIGIENE NA IDADE MÉDIA



Ao se visitar o Palácio de Versailles, em Paris, observa-se que o suntuoso Palácio não tem banheiros. Na Idade Média, não existiam escovas de dente , perfumes, desodorantes, muito menos papel higiênico. Em dia de festa a cozinha do palácio conseguia preparar banquete para l.500 pessoas sem a mínima condição de higiene. Vemos nos filmes as pessoas sendo abanadas.A explicação não está no calor, mas no mau cheiro que exalavam por debaixo das saias que eram feitas propositalmente para conter os odores das partes intimas já que não havia adequada higiene. Também não havia o costume de se tomar banho devido ao frio e à quase inexistência de água encanada. O mau cheiro era dissipado pelo uso do abanador. Só os nobres tinham lacaios para abaná-los, para dissipar o mau cheiro que o corpo e boca exalavam, além de também espantar os insetos. As excrescências humanas eram despejadas pelas janelas.
Quem já visitou Versalies admirou muito os jardins enormes e belos que, na época, não eram simplesmente contemplados, mas “usados” como vaso sanitário nas famosas baladas promovidas pela monarquia, porque lá também não havia banheiros. Na Idade Média, a maioria dos casamentos ocorria nos meses de junho (para eles o inicio do verão). A razão é simples: o primeiro banho do ano era tomado em maio; assim, em junho, o cheiro das pessoas era ainda tolerável. Entretanto, como os Odores já começavam, a incomodar, as noivas carregavam buquês, junto ao corpo, para disfarçar o mau cheiro. Dai termos Maio como o mês das Noivas , e a explicação da origem dos buquês de noiva.
Os banhos eram tomados numa única tina, enorme, cheia de água quente, e o chefe da família tinha o privilégio do primeiro banho na água limpa. Depois sem trocar a água, vinham os outros homens da casa, por ordem de idade, as mulheres também por idade, e por fim, as crianças. Os bebês eram os últimos a tomarem banho. Quando chegava a vez deles, a água já estava tão suja que era possível “perder” um bebê lá dentro. É por isso que existe a expressão em inglês ”don´t throw the baby out with the bath water”, literalmente “Não jogue o bebê fora junto com a água do banho”, que hoje usamos para os mais apressadinhos.
Os telhados das casas não tinham forro e as vigas de madeira que os sustentavam eram o melhor lugar para os animais – cães , gatos, ratos e besouros se aquecerem. Quando chovia, as goteiras forçavam os animais pularem para o chão assim a nossa expressão “está chovendo canivete” tem o equivalente em inglês “it´s raining cats and dogs” (está chovendo gatos e cachorros). Aqueles que tinham dinheiro possuíam pratos de estanho.Certos tipos de alimentos oxidavam o material, fazendo com que muita gente morresse envenenada. Lembremo-nos de que os hábitos higiênicos, da época, eram péssimos. Os tomates, sendo ácidos, foram alimentos considerados, durante muito tempo venenosos.
Copos de estanho eram usados para cerveja ou uísque. Essa combinação, às vezes, deixava o indivíduo “no chão” (numa espécie de narcolepsia induzida pela mistura da bebida alcoólica com oxido de estanho. O corpo era então colocado sobre a mesa da cozinha por alguns dias e a família ficava em volta, em vigília, comendo e bebendo e esperando para ver se o morto acordava ou não. Daí surgiu o velório, que é a vigília junto ao caixão. Alguém poderia pensar que ele estivesse morto, portanto recolhia o corpo e preparava o enterro.
A Inglaterra país de território pequeno, é onde nem sempre havia espaço para se enterrarem todos os mortos. Então os caixões eram abertos, retirados os ossos , colocados em ossários, e o túmulo usado para outro cadáver. As vezes, ao abrirem os caixões, percebia-se que havia arranhões nas tampas, pelo lado de dentro, o que indicava que aquele morto, na verdade havia sido enterrado vivo. Assim surgiu a idéia de ao se fechar os caixões, amarrar uma tira de pano no pulso do defunto, passá-la por um buraco feito no caixão e amarra-la a um sino. Após o enterro alguém ficava de plantão ao lado do túmulo durante alguns dias. Se o indivíduo acordasse, o movimento de seu braço faria o sino tocar e ele seria “ saved by de bell”, ou literalmente “salvo pelo gongo”, expressão que utilizamos até os dias de hoje.


FONTE:http://www.slideshare.net/1950/higiene-pessoal-na-idade-media

SEXO E SEXUALIDADE NA IDADE MÉDIA!!!!!!

Como era o sexo na Idade Média?
por Marina Motomura

Na era medieval, a vida entre quatro paredes ficou mais recatada por causa da influência da Igreja Católica. No mundo ocidental, tudo que era relacionado ao sexo - exceto a procriação - passou a ser pecado. Até pensar no assunto era proibido! O único que se dava bem era o senhor feudal: além de colocar cinto de castidade em sua esposa, ele tinha o direito de manter relações sexuais com qualquer noiva em seu feudo na primeira noite do casamento dela. A datação tradicional da Idade Média vai de 476, queda do Império Romano do Ocidente, a 1453, queda de Constantinopla. Já no Oriente, em países asiáticos, a liberdade sexual era maior. Os homens orientais podiam, por exemplo, ter quantas mulheres quisessem, desde que conseguissem sustentar todas. "Mas o segundo casamento tem de ter autorização da primeira esposa. Isso foi feito para a mulher não ficar sozinha e desamparada", diz o historiador Claudio Umpierre Carlan, professor da Universidade Federal de Alfenas (MG) e pesquisador da Unicamp.

PROIBIDÃO
Sexo era pecado e deveria ser evitado a todo custo

Paquera
Por volta do século 12, surgiu o chamado amor cortês. Na corte, o cavaleiro levava o lenço da mulher amada. Mas era uma amor platônico e infeliz - como os casamentos eram arranjados por interesses econômicos, o cavaleiro e a dama quase nunca ficavam juntos. Os noivos arranjados muitas vezes só se conheciam por meio de retratos pintados a óleo

Posições
Só uma posição era consentida pela Igreja: a missionária (atual papai-e-mamãe). Ela tem esse nome porque os missionários cristãos queriam difundir seu uso em sociedades onde predominavam outras práticas. Para os cristãos, ela é a única posição apropriada porque, segundo são Paulo, a mulher deve sujeitar-se ao marido. O recato entre quatro paredes era tamanho que, em alguns lares mais tradicionais, o casal transava com um lençol com um furo no meio!


Masturbação

Para desincentivar o prazer sexual solitário, surgiram nessa época os mitos de que os meninos ficavam com espinhas ou calos nas mãos caso se masturbassem. Se uma menina se tocasse, ou estava tendo um encontro com Satã ou havia sido enfeitiçada por bruxas. A paranoia era tão grande que muitos tomavam banho vestidos - até o banho era considerado um ato libidinoso


Casamento

A família da noiva, que podia casar logo após a segunda menstruação, pagava um dote (dinheiro ou bens) ao noivo, que tinha, geralmente, entre 16 e 18 anos. Mas havia proibições, claro: o papa Gregório I proibiu o casório entre primos de terceiro grau, e Gregório III proibiu a união de parentes de até sexto grau!

Ciência
A anatomia não evoluiu muito na era medieval, mas os conhecimentos técnicos para evitar o sexo, sim! Não há consenso entre os historiadores sobre a invenção do cinto de castidade, mas acredita-se que o modelo mais antigo seja o de Bellifortis, de 1405. Feito de metal, ele tinha aberturas farpadas que permitiam urinar, mas não copular. Também foi inventada a infibulação, técnica de costura da vagina para garantir a fidelidade da mulher ao senhor feudal quando ele viajava

Homossexualidade
A relação homossexual era chamada sodomia e era crime com pena de morte, além de ser considerada heresia pela Igreja - os homossexuais poderiam até ser queimados em fogueiras. No Oriente, era aceito - mas na surdina. Por exemplo, em exércitos em guerra, era preferível a relação entre soldados do que recorrer a prostitutas

Prostituição
Como os homens não podiam ter prazer com as esposas, com quem só transavam para procriação, a procura por prostituas era grande. Ao mesmo tempo em que eram malvistas pela sociedade e pela Igreja, as profissionais do sexo tinham que doar metade de seus lucros ao clero - foi o que instituiu o papa Clemente II (1046-1047)

Pecados
Segundo a suma teológica de são Tomás de Aquino, documento escrito de 1265 a 1273, havia dois tipos de pecado pela luxúria:
- Pecado contra a razão
Fornicação e adultério, por exemplo
- Pecado contra a natureza
São os pecados que contrariam a ordem natural do ato sexual. Aí se incluem masturbação, sexo com animais, homossexualidade e a prática antinatural do coito. Leia-se: não podia ser feito sexo em orifícios não naturais (boca e ânus), mesmo que fosse entre marido e mulher!


FONTE:http://mundoestranho.abril.com.br/historia/como-era-sexo-idade-media-481346.shtml

MORTE E MORTOS NA IDADE MÉDIA


A morte nos faz cair em seu alçapão,
É uma mão que nos agarra
E nunca mais nos solta.
A morte para todos faz capa escura,
E faz da terra uma toalha;
Sem distinção ela nos serve,
Põe os segredos a descoberto,
A morte liberta o escravo,
A morte submete rei e papa
E paga a cada um seu salário,
E devolve ao pobre o que ele perde
E toma do rico o que ele abocanha.
(Hélinand de Froidmont. Os Versos da Morte. Poema do século XII, 1996: 50, vv. 361-372)


Na Idade Média a morte era o grande momento de transição. Transição fundamental, das coisas passageiras para as eternas. Praticamente ausente na iconografia medieval (LE GOFF, 1984, vol. II: 325) - como as crianças (COSTA, 2002: 13-20) - a morte era um rito de passagem. Ela era aguardada no leito de casa. O moribundo deveria ficar deitado de costas porque assim seu rosto estaria voltado para o céu (ARIÈS, 1989: 22).

A morte era uma grande cerimônia pública, um ritual compartilhado por toda a família, por todos da casa. Os medievais sabiam de sua chegada, pressentiam sua vinda, tinham visões que anunciavam sua morte (DUBY, 1986: 80-83). Premonições. Assim, tinham tempo para preparar seu ritual coletivo.

Pois ninguém morria só. A morte era uma festa, momento máximo do convívio social (DUBY, 1990: 65-66). Todos deveriam acompanhar a passagem do moribundo para o além, inclusive as crianças (ARIÈS, 1989: 24). Lágrimas e choro apenas por parte das mulheres: elas deveriam ficar perto do corpo e gritar, rasgar as vestes, arrancar os cabelos. Era sua função pública (DUBY, 1997: 20-21).

Seu gemido era um gemido ritual. Elas eram agentes essenciais do rito funerário (LE ROY LADURIE, s/d: 282), um antigo ritual que era uma fruição, uma chegada lenta e regrada. Era mesmo um prelúdio, a mudança para um estado superior (DUBY, 1987: 10), caso aquela alma fosse agraciada por Deus. Portanto, a preocupação, a angústia maior, não era com a morte e sim com a a salvação da alma (LE ROY LADURIE, s/d: 289).325) - como as crianças (COSTA, 2002: 13-20) - a morte era um rito de passagem. Ela era aguardada no leito de casa. O moribundo deveria ficar deitado de costas porque assim seu rosto estaria voltado para o céu (ARIÈS, 1989: 22).

A morte era uma grande cerimônia pública, um ritual compartilhado por toda a família, por todos da casa. Os medievais sabiam de sua chegada, pressentiam sua vinda, tinham visões que anunciavam sua morte (DUBY, 1986: 80-83). Premonições. Assim, tinham tempo para preparar seu ritual coletivo.

Pois ninguém morria só. A morte era uma festa, momento máximo do convívio social (DUBY, 1990: 65-66). Todos deveriam acompanhar a passagem do moribundo para o além, inclusive as crianças (ARIÈS, 1989: 24). Lágrimas e choro apenas por parte das mulheres: elas deveriam ficar perto do corpo e gritar, rasgar as vestes, arrancar os cabelos. Era sua função pública (DUBY, 1997: 20-21).

Seu gemido era um gemido ritual. Elas eram agentes essenciais do rito funerário (LE ROY LADURIE, s/d: 282), um antigo ritual que era uma fruição, uma chegada lenta e regrada. Era mesmo um prelúdio, a mudança para um estado superior (DUBY, 1987: 10), caso aquela alma fosse agraciada por Deus. Portanto, a preocupação, a angústia maior, não era com a morte e sim com a a salvação da alma (LE ROY LADURIE, s/d: 289).
ssim, a morte na Idade Média era uma agonia apenas para o usurário. Ela era temida porque era imprevisível, mas desejada pelo cristão quando anunciada, em sonhos ou visões. Ramon explica a seu filho o porquê do temor da morte e a necessidade (a virtude) de se temer a Deus:

Filho, sabes por que a morte é temível? Porque não podes fugir dela e não sabes quando ela te levará. Assim, se temes a morte, que não pode te matar mas somente teu corpo, temerás a Deus, filho, que pode colocar teu corpo e tua alma no fogo perdurável. (RAMON LLULL, Doutrina para crianças, cap. XXXVI, 9).

Naturalmente, essa era a morte no leito lenta e domesticada daquele que havia sobrevivido ao infanticídio, às intempéries da natureza, às doenças e às fomes. Mas havia também a morte na guerra, a morte antecipada, momento supremo do cavaleiro. Eles iam alegres, cantantes e ansiosos em direção à morte. Os trovadores nos contam da felicidade daqueles cavaleiros rudes quando da chegada da primavera e do momento do combate.

Bertrand de Born (1159-1197) nos fala das flores e folhas coloridas, das aves que cantavam e dos cavaleiros que gritavam “Avante”:

Digo-vos, já não encontro tanto sabor
no comer, no beber, no dormir
como quando ouço o grito “Avante!”
elevar-se dos dois lados, o relinchar dos cavalos sem cavaleiros na sombra
e os brados “Socorro! Socorro!”
quando vejo cair, para lá dos fossos, grandes e pequenos na erva;
quando vejo, enfim, os mortos que, nas entranhas,
têm ainda cravados os restos das lanças, com as suas flâmulas.
(citado em BLOCH, 1987: 307)


Assim a Idade Média tratou da morte: um rito de passagem para a morada definitiva da alma, a derradeira peregrinação do homem-viajante medieval (ZIERER, 2002). Tudo indica que o sentimento mais comum em relação à essa cerimônia é a palavra serenidade. Como o mundo dos vivos estava ligado ao dos mortos - e o papel dos mosteiros era exatamente o de interceder junto ao além pela sociedade terrestre - a morte era encarada com tranqüilidade e resignação. Paz.

A morte então foi domesticada nas consciências (ARIÈS, 1989: 19-20). Pelo menos na de cavaleiros e clérigos. A morte foi esperada e reconhecida (LAUWERS, 2002: 243), até mesmo desejada. Foi preciso a Idade Média chegar a seu fim para que novas formas (negativas) de compreensão da morte tomassem conta dos espíritos, como, por exemplo, o conceito de macabro, a Dança da Morte Macabra, que tomou conta dos afrescos e das gravuras em madeira, e exprimia a profunda angústia dos tempos da Peste Negra e da Guerra dos Cem Anos (HUIZINGA, s/d: 145-157).


TEXTO NA INTEGRA COM CITAÇÕES,BIBLIOGRAFIA E AUTOR NO LINK http://www.ricardocosta.com/pub/morte.htm